GERSON MORENO
03/12 | sábado | 16h45 – 18h30 | Porto Iracema das Artes
Corporeidades negras na cena contemporânea: matrizes de criação
COMPARTILHAMENTO DE EXPERIÊNCIAS: CORPO NEGRO E PERFORMANCE | A Dança ensinada, experimentada e produzida no Ceará necessita redimensionar sua “afrocearensidade” e identificar quais os alicerces étnicos-ancestrais que caracterizam suas peculiaridades, tanto no âmbito das experiências de “tradição popular” como na cena contemporânea. O futuro de nossas autonomias artísticas, sociais e culturais cobra de nós um pensamento e posicionamento anticolonialista e libertário. Quando nos reapossamos de códigos e partituras corporais provindas de nossas matrizes afro-indígenas para desvelar processos de ensino-aprendizagem em dança e/ou criação em dança, estamos na verdade, nos permitindo reconhecer as múltiplas possibilidades de sermos, fazermo-nos e nos reinventarmos enquanto Negros no Brasil, Nordeste, Ceará, e assim apossamo-nos de nós mesmos, do que trazemos e revelamos de mais transversal e híbrido. E para além do código, do paço e do movimento próprios do modernismo na dança, se sobrepõem as pessoas-sujeitos-indivíduos e seus territórios singulares de habitação, as suas geopolíticas, corporeidades cotidianas e ritualísticas, suas oralidades e mitos pessoais a serem acolhidos e potencializados como vias de edificação conjunta de Danças inacabadas que se reconfiguram incessantemente.
Gerson Moreno iniciou sua trajetória e militância artística na década de oitenta como ator e diretor de Teatro do Oprimido, atuante em movimentos sociais e pastorais vinculadas a Teologia da Libertação. Na década de noventa fundou a Cia Balé Baião, agregando e mobilizando dançarinos populares de Itapipoca CE, em parceria com o MARCA (Movimento de Artistas da Caminhada). No inicio dos anos 2000 cursou o Colégio de Dança do Ceará via Instituto Dragão do Mar de Arte e Cultura, capacitação de coreógrafos, e formou-se em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará (FACEDI/UECE). De 2005 a 2013 desenvolveu ações de formação em dança afro-brasileira nas Comunidades quilombolas de Nazaré (Serra de Itapipoca) e Águas Pretas (Tururu) em parceria com suas associações. Em 2013 foi contemplado com o Prêmio Nacional “Funarte Arte Negra” que possibilitou a circulação do espetáculo de dança “Negrume” em cinco estados nordestinos, especificamente em comunidades quilombolas. Atualmente é coordenador pedagógico do Ponto de Cultura Galpão da Cena de Itapipoca, curador do Festival Nacional de Dança do Litoral Oeste, diretor/coreógrafo da Cia Balé Baião, educador biocêntrico e mestrando em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Clique aqui e veja algumas vivências de dança ministradas por Gerson Moreno.